Um tchau para Eliel Vieira
Para compreender melhor o texto abaixo, leia (ou assista a): 1) Dois ou mais enigmas para um Deus Improvável (Eli Vieira)
2) Resposta ao vídeo “Dois ou mais enigmas para um Deus Improvável” de Eli Vieira (Eliel Vieira)
3) Tréplica a Eliel Vieira (Eli Vieira)
4) Tetráplica a Eli Vieira (Eliel Vieira)
5) Morre Filósofo Antony Flew (Eliel Vieira – ler comentários)
6) Como explorar a senilidade de um filósofo “ex-ateu” para vender livros (Eli Vieira, Mark Oppenheimer [New York Times], no Bule Voador)
7) Google Acaba com Richard Dawkins! (Eliel Vieira – ler comentários)
8) Resposta a Eli Vieira: Teria Sido Antony Flew Manipulado por Cristãos? (Eliel Vieira)
Eliel, você continua ignorando, sistematicamente, os pontos relevantes que levantei no meu comentário anterior (no texto do ataque humorístico a Richard Dawkins se utilizando de uma “mera coincidência” da busca do Google). Nada diz sobre minha acusação de você ter se esquivado dos meus argumentos principais para meu ateísmo. Nada diz sobre minha pergunta concernente aos estados mentais. Prefere se ater a um ponto irrelevante, depois produz um texto deselegante em que tira uma frase minha do contexto, assim como tirou a lista humorística de adjetivos do contexto (e ignora minha resposta denovo sobre isso). A frase é aquela do meu vídeo. Você repetiu a frase do meu vídeo no mínimo QUATRO vezes no seu texto que supostamente responde ao meu desafio. Isso quando eu JÁ TE EXPLIQUEI, também há quase um ano, por que usei a frase e que sentido ela tem para mim. E você vem jogá-la na cara dos seus leitores para tentar me desmoralizar, o que foi a mesma coisa que você fez ao repetir os adjetivos que usei para descrever a Cynthia, vários dos quais ela própria reconheceu que descreviam as atitudes dela naquele tópico, por isso ela pediu desculpas (e eu também). Como eu já disse: muito cristã vossa atitude! Você aplica um ceticismo pirrônico ao caso da suposta senilidade de Flew e questiona a idoneidade de um dos maiores jornais do mundo, o New York Times. Usa o ceticismo de forma seletiva, assim como lê meus comentários aqui de forma seletiva. Ceticismo seletivo, pois simplesmente não quer aplicar seu ceticismo no caso de suas crenças cristãs arraigadas (presumo) desde sua infância. Não questiona a ridícula argumentação de Craig de que a única explicação para uma suposta tumba vazia é uma explicação sobrenatural, nem questiona a ridícula afirmação de Craig de que os quatro evangelhos são quatro fontes independentes, quando qualquer outro estudioso que publique em arqueologia dos manuscritos bíblicos dirá o contrário: os evangelhos não são independentes. Está se tornando pura perda de tempo argumentar com você, dado tudo isso. Começo a pensar que você não está na internet para debater. Está aqui para pregar. Você que critica tão bem Malafaia, qual é o seu diferencial? Você já pediu dinheiro aos leitores do seu blog. Você promete aos seus leitores um produto intelectual que nunca vem - por exemplo, mostrar onde e como Richard Dawkins está errado. Onde você fez isso aqui? Respondo: em lugar algum... você prefere humoristicamente notar que o Google sugere adjetivos pejorativos junto com o nome do cientista nas buscas. Saiba que eu também já escrevi um esboço de resposta para sua "tetráplica" há mais de seis meses, inclusive editei e adicionei referências. Mas me pergunto por que publicar respostas a argumentos tão focados em autoridades quanto o seu. Você parece não perceber que debates são sobre ideias, e não sobre pessoas. Você continua tentando usar a autoridade de Antony Flew contra os indícios de senilidade dele no fim da vida apresentados por um jornal conceituado e com experiência em jornalismo investigativo que é o NYT. Eu não disse, em lugar algum, que estava "provado" que Flew esteve senil nos últimos anos de vida. Eu continuo pensando que é extremamente plausível que ele estivesse senil, dados os indícios (você, convenientemente, distorce os indícios apresentados pelo Oppenheimer e - surpresa - tenta também atacar a pessoa do jornalista). Outro ponto lamentável da sua resposta sobre Flew é perder parágrafo atrás de parágrafo num psicologismo especulativo barato sobre as motivações dos ateus em frases vazias como "estamos preocupados com o que o senhor vem dizendo sobre deus, Antony Flew". Se há um motivo para preocupação, é que, COMO EU DISSE ANTES E VOCÊ DENOVO IGNOROU, Flew teve uma carreira relevante em filosofia da religião, argumentando consistentemente pelo ateísmo, E A CONVERSÃO DE FLEW NÃO SE SEGUE LOGICAMENTE DA LITERATURA PRODUZIDA POR ELE EM SUA CARREIRA. Pelo contrário, é ignorada por ele nas últimas argumentações que ele elaborou pelo deísmo esquisito que ele disse ter adotado. E é este, Eliel (preste bem atenção), é este o maior indício de senilidade de Antony Flew: ignorar a própria argumentação anterior, e a argumentação de David Hume, para por seu nome num livro que PASSA LONGE de ser uma publicação técnica em filosofia, sendo uma mera obra propagandística que repete argumentações como a do Design Inteligente (que caso o senhor não saiba, esta argumentação do DI consistemente CAIU em publicações técnicas de filosofia como a Biology & Philosophy fundada por David Hull, sendo a parte desfavorecida no debate o criacionista Michael Behe – que chegou a prometer outra definição de “complexidade irredutível”, que fosse menos… bem… refutada, mas até hoje não cumpriu com o que prometeu). É por essas e outras, Eliel, que sinto preguiça de responder às suas pseudo-respostas. Numa ("Tetráplica a Eli Vieira"), você ignora meus argumentos principais para tentar me desmoralizar com um videozinho que eu fiz em sete minutos de uma tarde de domingo há um ano e meio atrás, com a intenção de resumir ao máximo o trabalho acumulado no meu blog pessoal ( http://elivieira.com ). Noutra, você dissimuladamente usa de ceticismo de forma seletiva e injustificada, só para tentar levantar dúvidas não razoáveis sobre o caso da senilidade de Flew, usando termos consagrados entre os céticos como "inversão do ônus da prova", quando VOCÊ NÃO FEZ SEU TRABALHO DE CASA NO SEU CETICISMO, simplesmente pelo fato de amparar sua defesa do cristianismo em figuras desonestas como William Lane Craig, que diz o que eu já apontei aqui que ele diz (entre outras coisas, como dizer que não precisa de evidência para os dogmas cristãos, isso depois de perder rios de tinta tentando defender que a ressurreição é um fato histórico). Outra coisa: pare de colher meus comentários em blogs alheios por aí. Em inglês isso se chamam "stalking". Eu acho mesmo que muito do que C. S. Lewis disse na obra da vida dele é puro lixo, acho a saída dele para a teodiceia um mero ad hoc, e o "argument from wanting" é uma falácia nua e crua. (Este último parágrafo não pretende ser um ataque formal e exaustivo à obra de C. S. Lewis, caso você o escolha para rebater e, como de praxe, ignorar todo o resto do que eu disse). Enfim, por essas razões, nosso debate se tornou, quando muito, apenas um esgrimir entre alguém que tem seus argumentos principais ignorados (repito pela enésima vez, meu vídeo do YouTube é apenas um resumo, ou uma propaganda, de uma obra anterior, cujo apanhado mais geral que já produzi é o texto "Opiniões, mentes e peixes" - pode continuar ignorando isso se quiser), e alguém que fez um blog para mal disfarçar sua pregação religiosa na forma de argumentos. E eu não debato com pregadores, pois a pregação é apenas a reiteração de uma doutrina dogmática que foi incutida em mentes sem poder analítico para se defender. A seleção de amostras viciadas para formar opiniões sobre qualquer coisa é característica de pregadores. Pregadores são escravos do viés da confirmação, e se usam ceticismo, é só para com crenças alheias. Por isso, para pregadores, eu só digo “tchau”. Sinceramente,
Eli
“Uma almofada para um cristão em queda!”
Erasmus Darwin