Não acredite no que uma tribo política alega ser
Resumindo e indicando alguns textos meus sobre política
Os progressistas (ou "esquerda", ou "socialistas" etc., aquela turma preocupada com "justiça social" e "igualdade") estão inflamados nos últimos anos com um pânico contra "desinformação" e "fake news".
É a mesma turma, contudo, que na imprensa, no governo e na academia, tem feito o seguinte:
Há mais de 40 anos,
repetem a falsidade de que o Brasil seria o país que mais mata LGBT por ser LGBT no mundo. O incrível é que se baseiam em ONGs que sequer se dão ao trabalho de listar quais são os países com os quais estão comparando o Brasil, e quais são seus números. Ignoram que há até artigo acadêmico de gente da UNAIDS desmentindo.
Cobri isso aqui (texto grátis) e aqui (para assinantes da Gazeta do Povo).
Há mais de 60 anos,
repetem a lorota de que Paulo Freire alfabetizou 300 "cortadores de cana" em 40 horas ou 45 dias, uma mentira reproduzida até pelo Ministério da Educação em 2012, quando ele foi declarado "patrono da educação" pelo Congresso, com projeto de lei. Não eram 300, não eram cortadores de cana, não eram 40 horas de aula e eles não foram alfabetizados de fato, tanto que só começaram a tentar formar frases na 37ª hora de curso.
Cobri isso aqui (para assinantes da GdP).
Declarar-se amiga da verdade e inimiga da falsidade
é só a versão mais recente dessa tribo política de adotar para si uma virtude sobre a qual ela não tem monopólio nenhum e que não serve, em absoluto, para diferenciá-la de tribos políticas adversárias.
Se essa tribo não é o que ela alega ser, o que ela é? Tomei as ideias de dois pensadores, um "de esquerda" (Jonathan Haidt) e outro "de direita" (Thomas Sowell), para explicar o que ela e sua principal adversária são.
Expliquei aqui (para assinantes da GdP).
Está na hora de começar a pensar em política de forma racional, sem paixões, enxergando os defeitos e virtudes das principais propostas. Nenhuma pessoa que vive uma vida refletida, como recomendou o filósofo, tem desculpa para aceitar as autocongratulações da "esquerda" como uma descrição fidedigna do que ela é.