Resposta à YouTuber Yasmin ("Suavemente Comentando") sobre contágio social de identidades LGBT
Minha tréplica sobre a polêmica do contágio social de identidades LGBT
Atualização: eu e Ágata fizemos o seguinte vídeo de quatro horas que é a versão longa do texto abaixo. Há algumas mudanças: a concessão que eu faço a respeito das fontes da Lisa Littman eu retirei em parte, pois um dos grupos de pais era “afirmativo” da identidade de gênero dos jovens envolvidos.
Uma nova pesquisa do instituto Gallup mostrou que quase 21% dos jovens da geração Z alegam que são LGBT hoje. Eu escrevi um texto para a Gazeta do Povo a respeito, dando fontes para defender a hipótese de que uma boa parte disso não é só “menos armário”, mas contágio social de identidades LGBT. O YouTuber Wagner Thomazoni usou meu texto como mote para um vídeo que foi censurado pelo YouTube. Outra YouTuber, Yasmin (“Suavemente Comentando”), ironizou o vídeo dele e meu texto no Twitter, depois fez uma crítica em vídeo. Eis os erros que ela cometeu na crítica:
Inventou que a psicóloga trans Erica Anderson, que ajudou centenas de adolescentes a fazer transição de sexo e confirma que está havendo contágio social de identidades LGBT, desistiu de ser trans. Inventou que ela é conservadora, para lacrar e desqualificá-la por ideologia, e inventou que ela faz parte de um “movimento de destransição”, o que eu nem sei o que seria, mas é falso também. Para alguém que me encheu a paciência por eu ter chamado a dra. Anderson de médica (pois ela tem clínica e por isso eu me enganei dizendo “médica” em vez de “psicóloga”, pequeno deslize), essa fabricação de informações falsas é bem grave, mas deixa claro a atenção que Yasmin teve ao ler as entrevistas com a Anderson que eu indiquei no Los Angeles Times (americano) e The Times (britânico), se é que leu. Este é o baixo nível da youtuber.
Anderson tem experiência e motivo de sobra para acreditar que está havendo contágio social de identidades LGBT. Vejam esse trecho da matéria do Los Angeles Times que eu traduzi. O jornal foi autorizado pelos pais de uma pessoa jovem supostamente trans (“Cody”) a observar uma sessão de terapia com Anderson. Observem como Cody descreve suas ideias sobre gênero, e deixa bem claro onde as aprendeu.
Yasmin também trouxe, como suposto especialista, um amigo youtuber de League of Legends. Ele deu carteirada de “sete anos como terapeuta”, mas não se saiu muito melhor que a amiga. Apelou para o inatismo LGBT, falou que há gays entre animais. Todo mundo sabe que há animais homossexuais agora. Um artigo de um explorador britânico ficou engavetado mais de cem anos porque ele descrevia homossexualidade em uma espécie de pinguim. O diário de um fazendeiro britânico menciona no começo do século XIX que há animais de criação gays e especula (acertadamente) que a homossexualidade entre humanos deve ser biológica. A pergunta que fica é: cadê os “não-binários” do resto do Reino Animal? Aliás: cadê os “não-binários” que não sejam de esquerda e têm mais de 40 anos? O fato de não existirem é prova adicional de contágio social.
Yasmin ignorou muitas das minhas fontes do artigo da Gazeta do Povo, por exemplo toda a parte sobre pletismografia, que é um método mais objetivo para aferir orientação sexual que a entrevista. E atribuiu ao meu texto uma fonte que eu não usei, Lisa Littman. Eu usei o termo da Littman (disforia de início rápido), mas deixei claro que isso é só parte de um fenômeno maior. Portanto, mesmo se jogarmos fora esse termo, continuam de pé as evidências de contágio social de identidades LGBT. A identidade que mais explodiu entre os jovens foi a dos bissexuais. Mas os trans dobraram de uma geração para a outra. Não é natural o que está acontecendo, e já existem jovens pagando o preço pela confusão mental que é culpa, entre outros, dos defensores da "teoria" "queer" e demais formas de tábula rasa da sexualidade. Eu já traduzi até uma matéria contando sobre o suicídio de provável falso trans (no mínimo, a insistência em ver somente a “afirmação” como terapêutica não serviu para salvar esta vida). A atitude blasé da Yasmin com esses casos para lacrar contra mim revela desrespeito aos jovens que caem nesse contágio social, pois muitos têm outros problemas mentais e acreditam erroneamente que “virar trans” vai ajudar. Eu no máximo provoco chamando de “modinha”. Na verdade, isso é um eufemismo, é pior que modinha, já que até os falsos bissexuais podem causar estrago fazendo outras pessoas perderem tempo em relacionamentos que não irão pra frente pois não há “química”. Relacionamentos amorosos e sexuais são muito delicados para a saúde mental, injetar inautenticidade neles é receita para desastre.
Ao recortar trechos de vídeos meus, Yasmin pegou uma explicação didática que eu dei do que é uma amostra representativa, usando o exemplo da caixa de cereais. Aqui é a única coisa em que ela tem um pouco de razão, pois o estudo da Littman realmente buscou pais de trans em fóruns não muito simpáticos aos trans, com influência de feministas radicais, o que poderia viciar a amostra (mas uma resposta óbvia é: não há muitos outros lugares para procurar). Porém, o que a Yasmin "se esqueceu" de mencionar é que o meu vídeo original, de anos atrás, já era uma resposta a outra estatística que inflava o número de gays na população por causa de uma amostra colhida entre universitários. Já naquela época eu acreditava que essa estatística poderia estar inflada e essa amostra poderia estar viciada por causa de contágio social, entre outras razões. Mas eu não menciono isso no vídeo, talvez eu fizesse mais autocensura na época. Ela gasta uma parte grande da resposta a mim colecionando fontes "de renome" contra Lisa Littman, mas, repito, eu não usei Littman. Neste caso, eu usei o livro Irrreversible Damage da Abigail Shrier, jornalista. A Shrier entrevistou mais pessoas do que o tamanho amostral de alguns estudos contra Littman que a Yasmin printou. O que a Yasmin está fazendo é apelo à autoridade e ao cientificismo, para as pessoas presumirem que um artigo acadêmico necessariamente conterá mais verdade que a investigação minuciosa de uma jornalista.
Na gana de ganhar visualizações e lacrar, Yasmin, além de usar de um tom ranhetinha de sarcasmo e ironia que é marca comum de progressistas identitários, me desrespeita ao me pintar como um inimigo da causa LGBT. Na verdade, eu sou um veterano da causa LGBT. Há quase dez anos respondi às deturpações do Silas Malafaia, que buscava arrancar a raiz biológica das verdadeiras identidades LGBT (assim como os pós-modernos querem, nesta hora aparentes adversários ideológicos deitam-se juntos). E eu vejo a causa LGBT, como vejo outras questões, do ponto de vista liberal. Por isso eu também combato estatísticas falsas produzidas por ONGs identitárias que usam alarmismo como chantagem emocional para pedir dinheiro de impostos.
Preferi fazer essa resposta em texto, pois é no texto que os pensamentos alcançam a maior precisão possível. O estilo da Yasmin é imitação da YouTuber ContraPoints. Mas até a ContraPoints, que tem seus flertes com o pós-modernismo e seus chiliques contra a ciência da transexualidade (como a tipologia de Blanchard), argumenta melhor.
Ótimo texto, tô amando ver todos os lados da história, odeio me referir a tudo isso como "treta" na verdade é um aprendizado, aprendi muito com vocês, tô me aprofundando mais num assunto que pra mim passava desapercebido.
Preciso e contundente, como sempre. Palmas pra você, vaias pra ela.