O alto preço da pseudociência
"A falta de interesse pela pseudociência em alguns rincões da filosofia deriva de uma presunção tácita de que algumas ideias e teorias são tão obviamente erradas que nem mesmo vale a pena discuti-las. A pseudociência é ainda considerada por vezes demais um passatempo inofensivo de um relativamente pequeno número de pessoas com uma propensão rara à adoração de mistérios. Isso está longe da verdade. Na forma de criacionismo e seus desafios ao estudo da evolução, a pseudociência causou grandes danos à educação do público nos Estados Unidos e alhures; surrupiou bilhões de dólares na forma de medicina "alternativa" como a homeopatia; causou danos emocionais a muita gente, por exemplo, às pessoas que ouvem de místicos e variados chatlatães que podem falar com seus entes queridos falecidos. Teorias da conspiração sobre a AIDS, que são comuns em muitos países da África e até nos Estados Unidos, literalmente mataram inúmeros seres humanos ao redor do mundo. O negacionismo das mudanças climáticas, que parece ser impossível de erradicar em círculos políticos conservadores, pode até ajudar a trazer uma catástrofe global. Seitas perigosas como a cientologia, que são baseadas em sistemas de crença pseudocientíficos, continuam atraindo seguidores e causando estragos nas vidas de muitas pessoas. Fora as consequências muito reais da pseudociência, devemos dar um momento de atenção para considerar a enorme quantidade de recursos intelectuais que são desperdiçados em conter teorias em descrédito como criacionismo, homeopatia e psicanálise, sem falar na busca sem fim por evidências do sobrenatural e o incansável ativismo dos teóricos da conspiração."
Trecho traduzido livremente de "Philosophy of Pseudoscience: Reconsidering the Demarcation Problem" de Massimo Pigliucci & Maarten Boudry (eds): http://amzn.to/2aXbLow