Meu livro “Mais iguais que os outros” está em pré-venda
Reflexões sobre publicar um primeiro livro
Chegou o dia. Honestamente, houve um tempo em que parecia uma tarefa impossível. Mas após uma década que passei digerindo o tema do identitarismo, meu primeiro livro está pronto e em pré-venda.
Se no começo eu achava que não preencheria páginas suficientes, logo descobri que tinha de cortar alguns temas, pois eu tinha coisas demais a dizer.
Mas nada de essencial foi cortado: o livro é organizado entre uma primeira parte, dedicada às origens intelectuais e instintivas do woke, e a segunda parte, que busca entender francamente cada faceta da identidade humana cujo tratamento foi contaminado pela ideologia identitária, e avaliar as prescrições dos ideólogos em cada assunto.
Fiz questão, também, de incluir no fim de cada capítulo da segunda parte casos reais dos problemas para os quais o identitarismo oferece falsas soluções. Cada caso vem pareado com outro caso em que a solução identitária causou estrago.
A ideia estava sendo digerida desde 2015, provavelmente antes. Minha primeira memória de ter dito a um amigo que escreveria o livro é de 2016. Estava em Londres, encerrando meu segundo mestrado em genética e me recuperando de um divórcio. Era hora de repensar a vida, se eu queria continuar na academia.
Estava com um gosto amargo na boca porque tinha testemunhado a campanha do Brexit — lembro de saber do resultado na mesma Biblioteca Britânica em que escrevia a minha tese. Vi que praticamente ninguém entre os meus colegas e amigos na Universidade de Cambridge aceitava que talvez o voto a favor do Brexit não pudesse ser explicado completamente com “xenofobia” e “racismo”. Era um prenúncio do que viria depois: Cambridge e Oxford em poucos anos virariam antros de radicalismo identitário, como conta este texto que traduzi:
O Brexit, claro, foi um dos eventos em que a elite progressista, que alimentou o identitarismo, viu uma ameaça para a qual prescreveu a censura, o que explica por que também acabei me envolvendo na questão da liberdade de expressão. Não foi esta minha única motivação para escrever. Houve motivações mais importantes, como conto no livro. Pelas minhas críticas, fui alvo repetidas vezes do que veio a ser conhecido como “cancelamento”.
Mas eu pensava em escrever algo como o Tábula Rasa de Steven Pinker. Pensei em títulos como “Biologia humana em temas tabus” e “Biologia sem lacração”. Mas biologia não seria suficiente para tratar do assunto com a amplitude que ele merece. Meu livro inclui muito mais coisa, da psicologia e filosofia ao meu próprio trabalho como jornalista.
Poderia ter terminado este livro em 2021 ou 2022, mas só de fato comecei a escrever a sério em janeiro de 2023, com o convite do generoso editor Pedro Almeida, da Avis Rara. Ter terminado em 2024 acabou sendo muito oportuno, porque finalmente apareceram os primeiros sinais claros de enfraquecimento da ideologia lá fora.
O Reino Unido mais uma vez foi vanguarda: minha amiga Helen Pluckrose (coautora de “Teorias Cínicas”) me contou como por lá os identitários queer que defendiam o tratamento experimental de bloqueio de puberdades foram derrotados. Este tema, com detalhes do meu trabalho jornalístico a respeito no Brasil, está incluído no livro.
Estou satisfeito com o livro, mas sinto que posso oferecer mais. É o que já estou fazendo com meus artigos diários no Portal Claudio Dantas, onde toco neste assunto quando está relevante no noticiário. Como publiquei hoje, agora até o Superior Tribunal de Justiça (STJ) está parecendo uma sucursal da ideologia identitária. Como eu digo neste artigo, resta saber se a Maldição de Millôr se aplicará: se o identitarismo será mais uma das ideologias envelhecidas que vêm curtir sua aposentadoria no Brasil.
Além do Pedro, agradeço ao meu noivo Matheus Souza Celius (engenheiro, programador e escritor de ficção científica), à minha grande amiga Ágata Cahill Florêncio de Oliveira (deixou muitas saudades) e à minha família, que sempre teve fé em mim.
Também sou muitíssimo grato aos seguintes intelectuais e autores por terem lido o livro e contribuído com opiniões generosas contidas nele:
, , e Marize Schons. Se agradei a essas pessoas, a quem admiro, já me dou por satisfeito.Confiram abaixo a sinopse oficial e as opiniões.
Política identitária, identitarismo, woke, lacração, justiça social crítica, politicamente correto. Já são muitos os nomes para o problema, que com frequência é indefinido demais para as críticas o alcançarem. Neste livro, o jornalista e biólogo geneticista Eli Vieira define o problema e o critica com uma abordagem sem precedentes, informada por sua trajetória singular entre ciência e humanidades. A definição vai além da história das ideias, alcançando o elemento muitas vezes ignorado dos “tilts da nossa cabeça”, como diz o autor. Além disso, cada preconceito e cada falsa solução correspondente do identitarismo são ilustrados com casos concretos. O decano da crítica ao identitarismo no Brasil, o antropólogo baiano Antonio Risério, aprova a abordagem: “Este é um livro que merece ser lido com sensibilidade, atenção e mente aberta. Em meio à enxurrada de baboseiras identitaristas que abundam por aí e de meras produções plagiárias, Eli é pássaro de outra plumagem. Vamos ouvi-lo”.
“Se tem algo que devemos reconhecer nos inimigos da liberdade, é a sua criatividade em inventar pretextos e disfarces para o seu autoritarismo. O último desses disfarces é o chamado identitarismo, uma ideologia que divide as pessoas em grupos ― de acordo com raça, gênero, orientação sexual, entre outras categorias ― para, supostamente, protegê-las da opressão patriarcal branca estrutural cis heteronormativa (e fascista, claro). Eli Vieira é um dos maiores especialistas em identitarismo do Brasil. Neste livro, ele nos explica as origens, as falácias e as consequências negativas dessa ideologia, para que possamos retirar o disfarce e nos proteger desse novo autoritarismo.”
― GUSTAVO MAULTASCH, diplomata e autor de Contra Toda Censura.
“Entre tantos estragos, há um lado positivo na histeria identitária que ganhou força na última década. Em reação a ela, pensadores lançaram grandes obras sobre como os seres humanos pensam e se comportam em grupo, como usam ideias e abusam de doutrinas morais para ganhar status e vencer guerras tribais imaginárias. O geneticista Eli Vieira é um desses pensadores audaciosos. Eli tem coragem para cutucar tabus e verdades proibidas do século 21, sem cair na beligerância ou na polêmica gratuitas. Revela como ativistas politicamente corretos se valem de causas nobres para justificar a intolerância, a censura e a perseguição. E mostra, com inúmeros exemplos de tragédias pessoais, como a cultura woke prejudica principalmente os grupos que diz proteger.”
― LEANDRO NARLOCH, jornalista e autor de Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil.
Caí por aqui pelo algoritmo, talvez! Mas já encomendei meu exemplar!
Parabéns, Eli!
Votos de que seja um sucesso! Já encomendei minha cópia.