Mais um mito feminista derrubado: elas preferem pornografia violenta
Revisitando minha fase feminista enquanto passo dados antifeministas
Em 2011, legendei um vídeo de um americano meio babaca criticando as comentaristas do programa The View, um talk show, especialmente a esposa do metaleiro Ozzy Osbourne, porque elas riram da tragédia de um homem que teve o pênis amputado pela esposa. Ela jogou o órgão no triturador de lixo. Apesar de ser babaca, o americano tinha completa razão.
Ele lançava petardos verbais contra as feministas, dizendo que eram hipócritas e jamais tolerariam o mesmo humor contra alguma mulher que fosse vítima de amputação dos seios.
Incorporei o vídeo a um post do blog Bule Voador, na época o mais famoso blog ateu do Brasil. Era o blog oficial da Liga Humanista, associação que fundei em 2009.
Seguiu-se então uma celeuma que durou anos, inicialmente impulsionada pela blogueira feminista Lola Aronovich. Ela e outras insistiam que a definição correta de feminista é a do dicionário, que ser feminista é defender a igualdade dos sexos etc.
Ingênuo, aceitando alguns argumentos a respeito do caráter conspiratório do sexismo contra mulheres, não só eu cedi como adotei o rótulo “feminista” para mim mesmo, chegando a ser citado como tal pela revista Fórum. Todo mundo tem seus esqueletos no armário...
Quando chego ao ponto (hoje raro) de adotar um rótulo para mim mesmo, uma coisa que não deixo de fazer é estudar a respeito. Li sobre feminismo extensamente, das radicais como Andrea Dworkin às razoáveis como Janet Radcliffe-Richards. Foram críticas excelentes como a do filósofo David Benatar (livro “The Second Sexism”) e da estudiosa de literatura brasileira Daphne Patai (livro “Heterophobia” e outros) que abalaram terminantemente minha fé nas feministas como grupo político, e, como golpe de misericórdia, foram os argumentos da minha amiga inglesa Helen Pluckrose, que eu traduzi em 2016, que me convenceram a abandonar para sempre o rótulo. Minha fase feminista, portanto, durou menos de cinco anos.
O rótulo sempre foi bobo, pois, não importa o quanto usem de soft power para influenciar o dicionário, a palavra sempre vai sugerir pela etimologia uma desigualdade: se serve para defender a igualdade, por que escolheram um só sexo na raiz do termo? Porque o sexo feminino é o historicamente oprimido, vão dizer. Mas um termo que denota uma postura ética precisa ser independente de contexto histórico, caso contrário, com a mudança do contexto histórico, ele inevitavelmente estimulará a injustiça.
Como explica Benatar, o feminismo como “corporativismo de gênero” (termo que eu cunhei e foi adotado por um tempo por ninguém menos que Jean Wyllys... como eu disse, todo mundo tem esqueletos no armário...), que prega que o justo é o que favorecer as mulheres, só vai funcionar enquanto as mulheres forem desfavorecidas. Elas já são a maioria em quase todas as universidades americanas. Favorecê-las nesse contexto, o que certamente ocorre até hoje, tem toda cara de reforço de privilégio.
Há razões pelas quais as pessoas em geral, mulheres e homens, preferem as mulheres. É um fenômeno sociológico com nome: “efeito mulheres são magníficas”. Aliás, a primeira tradução do verbete sobre isso na Wikipédia é minha.
Outra autora do feminismo que merece ser citada é Christina Hoff Sommers. Ela vem acompanhado há décadas como o movimento feminista tem desfavorecido os meninos e homens, injustamente. E ela faz outro serviço valioso: acompanha as falsas estatísticas usadas repetidamente pelas feministas.
Trago dados contra mais um mito popular entre as feministas: o mito de que a pornografia existe para agradar aos impulsos violentos dos homens.
Mulheres têm mais fantasia sexual com o estupro do que homens
Encontrei por acaso hoje um livro de 2017 dedicado a caçar mitos: “Everybody Lies”, de Seth Stephens-Davidowitz. A época em que foi publicado é muito boa, pois o identitarismo ainda não tinha atingido seu pico de pressão pela autocensura.
O livro corrobora o que venho publicando desde 2022: o número natural de LGBT na população é por volta de 5%, especialmente entre homens. Se 21% dos jovens alegam hoje que são LGBT, isso provavelmente não é menos armário, mas um contágio social de autodeclarações que não refletem vontades genuínas.
Um dos alvos favoritos de muitas correntes e líderes feministas é a pornografia. Muitas, em tentativas de criminalizar o acesso ao material sexualmente explícito, fazem estranhas alianças com os conservadores e tradicionalistas radicais que em outros contextos alegam odiar.
Nos anos 1980, por exemplo, as feministas radicais Andrea Dworkin e Catharine Mackinnon chegaram perto de banir a pornografia no Canadá. Elas argumentaram que a pornografia era uma violação dos direitos civis por causa de seus danos em potencial às mulheres. Seu modelo de projeto de lei tratava o sexo explícito como uma forma de discriminação de sexo sujeita a punição na esfera cível.
Stephens-Davidowitz usa um rico banco de dados de sites de pornografia para revelar preferências sexuais que as pessoas não confessam em público. E traz uma conclusão que mata os argumentos de Dworkin e MacKinnon.
“Entre as principais buscas feitas por mulheres no PornHub está um tipo de pornografia que, já aviso, vai ser perturbadora para muitos leitores”, começa o autor. “É o sexo contendo violência contra mulheres”.
Ele descobriu que 25% das buscas das mulheres por pornografia heterossexual “enfatizam a dor e/ou a humilhação da mulher”. Dá exemplos: “choro de dor no anal”, “humilhação pública” e “gangbang brutal extremo”.
O número exato das buscas femininas por estupro é 5%. “As buscas por todos esses termos por mulheres são no mínimo o dobro das buscas dos homens. Se há um gênero de pornografia em que a violência é perpetrada contra uma mulher, a minha análise dos dados mostra que quase sempre tem um apelo desproporcional para as [espectadoras] mulheres”.
Claro que isso não significa um desejo de ser estuprada ou um endosso ao estupro. Fantasia é diferente de realidade (avisem às feministas que fazem “análise” de jogos para encher a paciência dos homens gamers).
Mas o fato é que Andrea Dworkin e Catharine MacKinnon foram terminantemente refutadas. Seu feminismo radical é um corporativismo de gênero sempre dedicado a acusar homens de injustiças e elevar os interesses das mulheres. Sua intenção com seu projeto de lei era, mais uma vez, acusar o interesse dos homens na pornografia, que de fato é mais pronunciado em se tratando de audiovisual, de imoralidade tamanha que deveria ser coibida por lei. Que a suposta imoralidade seja uma marcada preferência feminina é algo destruidor para seu projeto ideológico.
Claro, como conta Jordan Peterson, o tipo de pornografia que as mulheres mais consomem sequer é audiovisual: é em texto. A obra 50 Tons de Cinza está aí como prova. As mulheres adoram historinhas com homens malvadinhos, piratas, CEOs, vampiros, que caem de amores pela protagonista e abandonam sua maldade, só um pouquinho ao menos, por ela. E não há problema nisso.
Pornografia, como qualquer outra fonte de prazer, só é errada na medida em que seu consumo se torna excessivo e interfere no bom funcionamento da vida dos seus consumidores. E certamente este é um problema que afeta tanto a homens quanto a mulheres — como confessou a cantora Billie Eilish.
Mas em que ajuda o moralismo das feministas, ou o rótulo bobo “feminista”, ou seu sexismo invertido, ou sua nova preferência hiperbólica pelo termo “misoginia” (os machistas sumiram, foram substituídos pelos misóginos para efeito dramático), ou seu neopuritanismo para ajudar nesse problema? Em nada.
O único beneficiado com o exibicionismo moral é o exibicionista. E eu acho o exibicionismo moral mais pornográfico e lascivamente repugnante que o exibicionismo dos tarados.
Nada de novo, as feministas só respeitam as escolhas e a liberdade das mulheres, caso elas se encaixem nos padrões de seus manuais de comportamento. Todas as outras são escolhas equivocadas. Na defesa da liberdade das mulheres elas dedicam todo o esforço na construção de cadeias ideológicas.