Todas as minhas matérias sobre a hipótese da origem laboratorial do SARS-CoV-2
Em ordem cronológica
O Departamento de Energia do governo americano declarou que acredita no momento que a origem do vírus da COVID-19 mais provável é a laboratorial, via escape acidental. A isso ele deu uma “convicção baixa”. Eu não cobri essa notícia porque para mim é mais do mesmo: eu cobri, como você pode ver abaixo, que o FBI disse a mesma coisa em 2021, mas deu convicção “moderada”.
No momento, dou probabilidade subjetiva de 60% para o escape laboratorial e 55% para escape laboratorial com manipulação genética do vírus feita em laboratório. Uma hipótese em que se introduz mais elementos deve ter probabilidade diminuída (navalha de Ockham). Além disso, os dois órgãos americanos estão certos em não dar uma convicção alta, pois ainda poderia surgir evidência a favor da origem zoonótica (de morcegos para pessoas, com ou sem hospedeiro intermediário). Em outras palavras, eu não sei se o vírus veio de laboratório, mas eu desconfio que veio desde o início da pandemia. Eu não menciono outras hipóteses mais complicadas, como vazamento proposital e criação de arma biológica porque não as considero plausíveis.
Creio que, se você examinar cada uma das minhas manifestações mais elaboradas a respeito abaixo, você vai tirar uma conclusão parecida com a minha. Talvez até dê mais crédito para a hipótese da origem laboratorial que eu. A hipótese que grande parte dos progressistas chamou de “teoria da conspiração” no começo de 2020, alguns deles por claro conflito de interesses (cientistas e virologistas que não querem perder verbas ficando com imagem negativa perante ao público que é a origem última dessas verbas). O livro que recomendo a respeito é Viral, de Alina Chan e Matt Ridley. Ele não tem os detalhes das minhas matérias mais recentes, mas serve como um ótimo complemento detalhado até 2021. Vamos à lista.
Março de 2020. Vídeo de Matthew Tye (Laowhy86) traduzido por mim e dublado por Luciano Dias. Tye morou na China e fala mandarim, observou indícios sugestivos em documentos chineses. Disponível no YouTube.
Novembro de 2020. Uma das minhas matérias de estreia na Gazeta do Povo: “Origem laboratorial do Coronavírus ainda é uma hipótese a ser levada a sério”. Cobriu a publicação de um artigo científico de Yuri Deigin e Rossana Segreto.
Maio de 2021. Traduzi para a Gazeta do Povo, com autorização do autor, o texto de Nicholas Wade que foi o divisor de águas no rompimento do tabu da imprensa contra o assunto. Wade usou as mesmas fontes que eu, mas, diferente de mim, é um jornalista de ciência experiente e respeitado. “O novo coronavírus escapou do laboratório? As evidências que reforçam esta hipótese”.
Junho de 2021. Atacando outro tabu progressista da pandemia, o do tratamento precoce (assunto no qual fui vingado ao menos a respeito da droga fluvoxamina — sobre as mais famosas ainda pairam dúvidas, mas eu continuo dizendo que a certeza de ineficácia que pregaram é falsa e analfabetismo estatístico), escrevi o seguinte parágrafo de abertura:
“A mudança de tom sobre a plausibilidade de o SARS2, vírus causador da pandemia, ter se originado em laboratório foi uma das maiores reviravoltas na cobertura de opiniões de especialistas na imprensa nas últimas décadas. Ao ponto de a revista eletrônica Vox ter sido pega editando silenciosamente um artigo do ano passado para amenizar o tom de certeza que tinha dado para a origem natural do vírus — o jornal Washington Post fez a mesma coisa. O Facebook parou de censurar artigos que defendessem a origem laboratorial — mas continuará insistindo em não dar liberdade de expressão aos usuários, apesar do fiasco (de fato, mal escrevi as linhas acima, fui censurado lá por esse motivo). Até o governo Biden andou se movimentando para exigir uma investigação melhor das origens do vírus, já que a da OMS não serviu.”
Novembro de 2021. A revista Science publicou artigo a favor da hipótese da origem zoonótica. Eu não seria doido de criticar a Science, seria? Claro que sim, prestígio não me assusta. Juntei as melhores respostas ao artigo, que ainda são válidas: “Os primeiros casos da COVID-19 apontam origem natural da pandemia? Questionando a nova análise”.
Novembro de 2021: Relatório do FBI defende vazamento laboratorial com “convicção moderada”.
Abril de 2022. Um assunto que não pode faltar é o papel da ONG EcoHealth Alliance. “Documentos revelam como ONG pode ter financiado criação do vírus em Wuhan com dinheiro dos EUA”.
Setembro de 2022. A revista The Lancet, que no começo ajudou na narrativa da “teoria da conspiração” contra a hipótese, cede dois anos depois. “Com dois anos de atraso, revista médica diz que vírus da Covid pode ter vindo de laboratório”.
Outubro de 2022. O tabu ainda se mostra vivo, já que a verba para a EcoHealth foi renovada. “ONG que pode estar por trás do coronavírus recebe mais verbas para continuar pesquisa”.
Outubro de 2022. Sai um estudo intrigante, com uma proposta nova de marcas de uso de enzimas que cortam o material genético no vírus — seria o segundo grande sinal molecular, depois da presença do sítio de clivagem da furina. Cobri, mas ainda aguardo confirmação disso. Um autor é um cientista talentoso com quem tenho contato. “Coronavírus tem indícios de manipulação genética, afirma novo estudo”.
Novembro de 2022. Investigação de grupo ligado a parlamentar republicano desenterra mais documentos chineses sugestivos, complementando aqueles lá do começo, do Matthew Tye. “É como abrir a Caixa de Pandora”: documento chinês sugere incidente laboratorial que começou a pandemia.
Novembro de 2022. Quem ainda duvida que Anthony Fauci foi desonesto precisa ler esta. “Autoridades de saúde que asseguraram que Covid não veio de laboratório consideraram denúncia ao FBI por sinais suspeitos no vírus”.
Março de 2023. “ONG que financiou pesquisa de coronavírus na China com dinheiro americano é suspeita de ‘roubo de verbas’ públicas”.
Março de 2023. “China apaga dados que ligariam início da pandemia a animal vendido no mercado de Wuhan”.