Exibicionismo Moral
Trechos do artigo "Exibicionismo Moral" (Moral Grandstanding), de Justin Tosi e Brandon Warmke.
"Este artigo examina o exibicionismo moral, uma proeminente forma de fala moral repugnante, e considera suas implicações morais."
"Afirmamos basicamente que alguém está praticando exibicionismo moral quando faz uma contribuição para o discurso moral público com a meta de convencer aos outros de que é 'moralmente respeitável'. Com isso, queremos dizer que o exibicionismo [moral] é um uso da fala moral que tenta fazer com que os outros cheguem a julgamentos desejáveis sobre si mesmo, isto é, que é alguém digno de respeito e admiração porque tem alguma qualidade moral — por exemplo, um compromisso impressionante com a justiça, uma sensibilidade moral altamente afinada, ou poderes de empatia sem paralelos. Exibir-se [moralmente] é transformar a própria contribuição ao discurso público num projeto de vaidade."
"[S]uspeitamos que o exibicionismo funciona com frequência (mas não sempre) como uma forma de silenciar um rival ao apresentar o exibicionista como moralmente respeitável por contraste implícito. Assim, o exibicionismo [moral] funciona como uma tentativa de silenciar ou desacreditar outros participantes ao comunicar que suas opiniões não são dignas de consideração ou engajamento porque são defendidas por alguém que não é moralmente respeitável, ou que é menos que isso."
Os autores classificam manifestações do exibicionismo moral, que são essas, em tradução livre:
- "Acumulação": o exibicionista não acrescenta nada à discussão, mas se manifesta para se alinhar com a pressão social do grupo para o qual ou com o qual faz exibicionismo.
- "Radicalização": os exibicionistas morais se engajam em competições implícitas de quem sugere a punição mais severa aos delitos morais percebidos, por exemplo, ou quem faz a afirmação mais "surpreendente" alinhada com determinada causa, para intensificar o sinal da exibição. É a corrida armamentista do lacre/mitagem mais impressionante que o lacre/mitagem alheio.
- "Falsificação": os exibicionistas morais, para intensificar o sinal de sua exibição moral, forjam problemas morais que não existem, ou forjam a gravidade de problemas morais que existem. Como dizem os autores: "Onde algumas alegadas injustiças escapam ao radar moral de muitos, elas não são perdidas pelo olho clínico dos moralmente respeitáveis", ou seja, dos exibicionistas morais.
- "Ultraje excessivo": a ideia, aqui, é que a pessoa que demonstrar o maior grau de ofensa subjetiva com algum suposto problema é a que possui a maior capacidade de observação de problemas morais.
Os autores concluem que o exibicionismo moral, ubíquo na era da informação, é na maior parte moralmente problemático e não deveria, na maioria dos casos, ser praticado.
Na minha opinião, a maior arma contra o exibicionismo moral é a ridicularização. Quanto mais exibicionistas morais nós permitimos entre nós, mais contra-exibicionistas eles atraem, e somos todos arrastados para sua espiral descendente de masturbação psicológica disfarçada de insight.