A rapidez da evolução na genética do comportamento
Em quantas gerações a seleção pode levar a comportamentos diferentes? 30, se estivermos falando de comportamento de movimentação em campo aberto de camundongos, como foi feito no estudo de John DeFries e colaboradores em 1978, um dos maiores estudos de seleção de comportamento até hoje.
Uma das grandes descobertas da genética do comportamento é que praticamente todos os comportamentos têm alguma dose de participação genética. Essa participação é medida, em estudos iniciais, geralmente pela proporção da variação atribuível à herança genética em relação à variação total, conhecida como "herdabilidade". Até hoje, inclusive em estudos com humanos, não foi descoberto comportamento com herdabilidade 0%, mas também não há descrito qualquer comportamento com herdabilidade 100% - comportamentos são fenótipos que envolvem sempre inflência ambiental, variando de comportamento para comportamento. Uma das maiores medidas de herdabilidade de comportamento em humanos é a do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade: acima de 70%.
Como há base genética nos comportamentos, eles podem ser alvo da seleção natural e outros processos evolutivos, como todas as outras características dos animais. No experimento de DeFries, houve seleção artificial em duas linhagens de camundongos em direção a cada vez mais atividade em campo aberto (ou seja, sempre que nascia uma ninhada de roedores, escolhiam os mais ativos para procriarem); em outras duas linhagens houve seleção em direção a cada vez menos atividade; e os pesquisadores deixaram os camundongos cruzarem aleatoriamente entre si em duas outras linhagens, como controle do experimento.
30 gerações depois, os pesquisadores chegaram a três grupos bastante distintos quanto ao comportamento sob seleção.
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DeFries, J. C., Gervais, M. C., & Thomas, E. A. (1978). Response to 30 generations of selection for open-field activity in laboratory mice. Behavior Genetics, 8(1), 3–13. http://doi.org/10.1007/BF01067700