Eugenia contra gays?
Invocar terapias gênicas e eugenia sempre que se fala em genética da orientação sexual equivale a invocar evangelização de índios sempre que se fala em cultura.
Se quer se focar no mau uso do conhecimento genético, não venha ignorar que o conhecimento sobre cultura também pode ser usado para o mal.
Conhecimento é uma ferramenta. Como uma lança, pode ser usada para alimentar sua família esquimó ou para assassinar seu vizinho (parafraseando Sagan).
Adotar um meio termo entre determinismo genético e determinismo cultural não é ficar em cima do muro, é fugir de uma falsa dicotomia a favor de uma compreensão mais adequada do que as pessoas realmente são. Porque as pessoas são uma coisa definida, e não semi-deuses inefáveis, indescritíveis e impossíveis de entender.
Como disse Chomsky, não é desesperador que tenhamos limites. O que não tem limite não se define, não se organiza e não existe. E a visão de que o ser humano é uma tábula rasa é a visão de um ser humano que não existe.
P.S.: A possibilidade biológica de transformar negro em branco já existe. Por que ninguém está em pânico nem acusando a ciência?
P. P. S.: Preocupação bioética bem mais real que eugenia contra gay é a quantidade de meninas que bota silicone por pressão do sexismo dos outros.