Esopo e a Esquerda Acadêmica
Primeiro, (parte d)a esquerda acadêmica criou o pós-modernismo, anunciando que perdeu a fé em objetividade, imparcialidade e neutralidade dos seres cognoscentes e nas peças epistemológicas que criam. Depois, partiu para cumprir essa profecia, destruindo essas coisas no que toca.
Comemoraram quando o New York Times publicou editorial anunciando que tinha lado político nas eleições (que tinha todo mundo sabia, mas o anúncio era oficialização do abandono da aspiração à imparcialidade). Fecham as portas dos acadêmicos que tenham evidências contrárias às suas teses. Fazem birra infantil quando qualquer opinião que não gostam encontra alguma liberdade de ser expressada, em qualquer espaço, partindo inclusive à violência, e deturpando pensadores da liberdade como Karl Popper para dar aparência de justificação à própria intolerância violenta.
Há muita sabedoria nas antigas fábulas e contos da carochinha. Várias atitudes dessa esquerda são descritas nessas histórias para crianças, especialmente as clássicas de Esopo.
O conto do menino que gritou "olha o lobo" é perfeito para descrever o pânico da opressão em todo lugar que olham. Já gritaram tanto "olha a opressão" que não é só a vila o seu alvo: gritam uns para os outros: "seu feminismo não é bom o suficiente porque não é um feminismo negro", "homens gays têm privilégios acima de mulheres nesta sociedade patriarcal".
Outro conto perfeito pra descrever a esquerda acadêmica é o da Raposa e as Uvas, que tem tudo a ver com a profecia autocumprida da objetividade impossível. Conta Esopo que, incapaz de alcançar as uvas deliciosas, a Raposa declarou que não as queria mesmo, pois estavam verdes. Como a esquerda acadêmica falhou em dar essas marcas de probidade epistêmica a várias de suas crenças: falhou o marxismo, falhou e continua falhando a ação afirmativa, etc.; ela declarou que essas marcas não podem ser atingidas por mais ninguém. Daí a condenação/ceticismo pirrônico contra a objetividade, a imparcialidade e a neutralidade de conhecedores e conhecimentos.