Elon Musk vs. sua filha trans: analisando o caso
Vivian Wilson, antes Xavier Musk, respondeu ao que o pai disse sobre ela na entrevista com Peterson
Cobri para a Gazeta do Povo a entrevista de Elon Musk com Jordan Peterson. As duas horas são meio chatas de assistir por causa do “estilo” de entrevistador de Peterson, então recomendo minha matéria, pois eu pincei o melhor que saiu da conversa. Meu título já diz muito: “Meu filho foi morto pelo vírus mental woke”, diz Elon Musk em entrevista.
A entrevista aconteceu no dia 22 de julho, e o tal filho “morto” apareceu no dia 25.
A filha trans de Elon Musk respondeu ao pai. Vou chamá-la no feminino porque é isso o que ela quer agora. Na reportagem, eu usei o nome antigo e o masculino, porque o assunto era Musk e como ele pensa. Vou mostrar para vocês o que ela disse e depois comentar.
Vivian Jenna Wilson (nome dado pelos pais: Xavier; ela adotou o sobrenome da mãe Justine Wilson), 20 anos, falou com a rede NBC que Musk "mentiu" sobre ela "para milhões de pessoas".
Ela diz que ele foi um pai pouco presente em sua vida, e, quando estava presente, era cruel e dava broncas nela para falar mais "grosso", ser mais homem. Elon se divorciou da mãe quando Vivian tinha quatro anos. Ela diz que foi criada pela mãe e babás, mas Elon tinha guarda compartilhada.
Os onze irmãos e meio-irmãos de Vivian
Elon teve seis filhos com Justine. O primeiro, Nevada, nasceu em 2002 e morreu de morte súbita aos 10 meses. Em 2004, depois de fertilização in vitro, nasceram os gêmeos Xavier (Vivian) e Griffin. Com mais tratamento in vitro, que aumenta as chances de gêmeos, vieram também os trigêmeos Kai, Saxon e Damian em 2006.
Elon depois se casou, se divorciou, se casou de novo e se divorciou de novo com a atriz Talulah Riley, da série Westworld. Namorou brevemente Amber Heard (a bomba foi parar no colo do Johnny Depp), depois namorou a cantora Grimes (Claire Boucher) e fez nela seu sétimo filho, a quem os dois doidos deram o nome "X AE A-XII". Os dois também tiveram a primeira menina de Musk, que foi vítima do nome "Exa Dark Sideræl" registrado em cartório — ela ganhou o apelido "Y" pra combinar com o irmão "X". Grimes disse numa entrevista de 2022 que Musk era só seu "namorado" e que tinham uma relação "fluida". Conservadores, tomem nota. A relação fluida talvez ainda continue, porque Grimes deu à luz mais um filho, "Techno Mechanicus" (apelido "Tau"), no final de 2023.
Uma diretora de operações da Neuralink, Shivon Zilis, deu à luz mais dois gêmeos de Musk, Strider e Azure, em 2021. No mês passado descobriram que Shivon teve outro filho de Musk no começo do ano, não se sabe nada a respeito da criança.
Esses são os filhos vivos conhecidos, então: Vivian, Griffin, Kai, Saxon, Damian, X, Y, Tau, Strider, Azure e anônimo.
Voltando às declarações de Vivian
"Ele era frio", disse Vivian. "Ele se irrita muito fácil. Não se importa com os outros e é narcisista".
"Quando eu estava no quarto ano do ensino fundamental [idade: 9 ou 10 anos], saímos para uma viagem que eu não sabia que era só para fazer propaganda de um dos carros — não lembro qual — e ele estava o tempo todo gritando comigo porque a minha voz era fina demais. Foi cruel."
Ela pediu para mudar nome e sobrenome num tribunal, dizendo na petição que queria cortar relações completamente com Elon, aos 18 anos em 2022.
"Tenho 20 anos. Não sou mais criança. Minha vida deve ser definida pelas minhas próprias escolhas", disse à NBC.
Musk disse a Jordan Peterson que Xavier "nasceu gay e levemente autista", e que amava musicais e gostava chamar roupas que gostava de "fabulosas" (um vocabulário associado aos gays nos EUA).
Vivian diz que é mentira, mas não nega que era uma criança afeminada. "Ele não sabe como eu era quando criança porque simplesmente não estava lá. E no pouco tempo em que ele estava, ficava me importunando sem parar por minha feminilidade e queerness. Fui reduzida a um pequeno estereótipo alegre. Penso que isso diz muito sobre as opiniões dele sobre as pessoas queer e as crianças em geral."
Ela alegou que "ele estava lá talvez 10% do tempo, sendo generosa. Ele tinha metade da custódia, mas não usou o tempo completamente".
Vivian também comentou uma alegação sobre ela na biografia de Elon Musk escrita por Walter Isaacson, que ela seria "marxista". Ela nega, mas diz que se opõe à desigualdade de renda. Ela disse que o biógrafo não a procurou, o biógrafo respondeu que procurou sim, indiretamente pelos parentes.
Ela diz que saiu do armário duas vezes, a primeira no oitavo ano (13 ou 14 anos) como gay, a segunda como trans aos 16 anos (2020).
Ela nega o que Elon disse para Peterson, que ele teria sido enganado quando assinou os formulários de consentimento para a transição de gênero.
Vivian confirma que tomou medicamentos bloqueadores da puberdade antes de tomar estrógeno. Afirmou que esse tratamento "salva vidas". Ela reclamou de ser citada na entrevista e disse que não é justo que ela tenha que "provar se eu estava com intenção suicida ou não para ter permissão para fazer a transição médica. É inacreditável".
Minha opinião
Não é possível dizer qual dos dois tem mais razão. Mas posso oferecer algumas especulações informadas.
A primeira coisa que eu estranhei é que a filha tente nos convencer que seu pai é um genitor homofóbico clássico, quando ele disse a Peterson que seu filho "nasceu gay". Isso não é um papo de um pai homofóbico clássico. Se ele pressionou ou não Xavier/Vivian a ter mais comportamento estereotípico masculino, não sei.
A outra coisa que estranhei foi que nem Vivian nem a NBC dizem que idade ela tinha quando começou a tomar os bloqueadores de puberdade. Depois de um detalhadíssimo relatório produzido pela pediatra britânica Hillary Cass, o Reino Unido está proibindo o bloqueio de puberdade, disse o novo ministro da Saúde do novo governo de esquerda do Partido Trabalhista.
Como 16 anos é basicamente considerado o ano final da puberdade, eu vou presumir que ela começou a tomar essas drogas antes.
Digno de nota é que Vivian fez transição no auge do identitarismo aplicado ao tratamento das crianças disfóricas (que dizem que estão sofrendo com o próprio sexo e querem mudar para o outro), antes da opinião contrária ao bloqueio da puberdade ganhar força com o livro da Abigail Shrier ("Irreversible Damage", 2020) e outras obras até o golpe de misericórdia do Relatório Cass.
Outro fato importante é que cerca de 90% das crianças disfóricas desistem de ser trans. Sabemos disso pelo acompanhamento por mais de uma década de um grupo de meninos disfóricos feito pelo canadense Kenneth Zucker. A desistência não parece depender da intensidade da disforia de gênero, uma criança com disforia severa pode desistir depois.
Para todos os efeitos, e com o pouco conhecimento que temos, então, a chance de um bloqueio de puberdade errar é 90%. Esse erro consiste em "condenar" uma criança a uma vida de tratamento hormonal, que certamente não é livre de seus riscos, em vez de uma vida como um jovem gay com menos riscos médicos (60% da amostra de Zucker cresceram como gays).
Dá para saber se Vivian teria continuado Xavier na ausência do bloqueio de puberdade? Não dá, mas podemos aplicar essa probabilidade de 90% de chance de ter sido um erro. É a que temos para trabalhar.
Então, eu não acho irrazoável Elon Musk ter se arrependido de ter assinado aqueles papéis. Porém, parece para mim que ele está transferindo culpa para as outras pessoas. Ele não merece a admiração de casos que conheço de pais que resistiram ao bloqueio da puberdade até perder a guarda da criança, esses sim fizeram tudo o que podiam. Musk só pode alegar que foi "enganado". Ele tem QI suficiente e conhecimento científico suficiente para ter olhado na época as evidências e ter encontrado estudos que já antecipavam a conclusão de Zucker sobre a maioria de desistentes entre as crianças disfóricas.
Vivian carrega ressentimento por um pai ausente. Eu acho difícil rebater essa acusação dela diante da quantidade de coisas que Musk faz e fez, ser um pai ausente é um dos famosos preços de ser um homem como ele é, cheio de empreendimentos.
O vocabulário de Vivian é ideológico: "queerness", "queer", isso é papo pós-moderno do atual identitarismo LGBT, não da velha guarda que só queria liberdade para gays, lésbicas, bissexuais e transexuais serem quem são. Ela tem motivação ideológica e ressentimento plausível para exagerar a homofobia do pai.
Pais e filhos brigados que não se falam são sempre uma coisa triste de se ver. Se Vivian se arrependesse da transição e entrasse para o time dos destransicionadores, eu não vejo nisso uma esperança de reconciliação, mas mais um motivo de ressentimento contra o pai, que, arrependido ou não, assinou os documentos.
Impressionante como é sempre o mesmo fenótipo, a falta de pai presente, contato com muita ideologia woke desde a infância, isso é o reflexo da modernidade que abandonou os verdadeiros valores que construíram nossa sociedade, que acaba gerando uma geração sem identidade que vive fora da realidade. É intuitivo saber que se você se olha no espelho e não consegue se enxergar como você realmente é existe algo que não está certo na sua mente. Gostaria de elogiar seu texto, ficou muito bom e coerente, parabéns!!!
Na minha opiniao ele/ela, quer apenas a luz dos holofotes.
Estas questoes que sao expostas reportagem/entrevista, precisam ser tratadas numa boa tarapia e nunca com a midia.
Nao é sentada/o num sofa, com o microfone na mao e diante de um jornalista q ira tratar seus traumas psíquicos e sim num consultório diante de um psiquiatra.
O que ele/ela passou/passa ocorrem em milhares de familias no mundo todo, independente do nivel socio/economico. Nao tem nada de extraordinario na vida dessa pessoa.
Acho q ele/ela quer sucesso/fama. Quer “ roubar “ a cena. Nao aceita q o pai é famoso, quer ficar na luz dos holofotes tmb.