Eli, poderia me dar algumas pequenas dicas sobre: Escrita/prolixidade/lirismo, ateísmo/epistemologia/discernimento e política/anarquia/posicionamento ?
Sim: seja sucinto quando a intenção é ser objetivo e tratar de fatos;
conheça os limites de seus pressupostos e valores epistêmicos e o que dizem aqueles que pensam diferente de você;
e não seja anarquista, porque a anarquia é uma utopia que assume que o ser humano é uma tabula rasa que não precisa do Estado para organizá-lo e legislar sobre ele.
A anarquia ingênua (posso até aceitar que haja formas sensatas) é o equivalente político do "paradigma panglossiano" (parafraseando o termo de Gould e Lewontin para a biologia adaptacionista) - segundo o qual este é o melhor dos mundos pois todas as pessoas supostamente podem ser persuadidas à independência não-violenta de Thoreau (pois todos seríamos tábulas rasas, folhas em branco); tornando obsoletas concentrações de poder como o Estado.
O termo "panglossiano" deriva do personagem Dr. Pangloss, do romance "Candide", de Voltaire, um sujeito que dizia que o nariz foi feito para apoiar os óculos, e que este é o melhor de todos os mundos possíveis.
Não estou cometendo a injustiça de dizer que os anarquistas são todos Pollyannas tapadas, só estou dizendo que a ideia da tabula rasa, principalmente em política, é otimista demais e desconectada da realidade.
O Estado é necessário. Pode-se até dizer que é um mal necessário, mas é daqueles males que em muitos sentidos vêm para o bem.
Considero-me um ignorante em política, sequer sei se toda forma de anarquismo defende a extinção do Estado. Se estou enganado nisso, meu raciocínio ainda vale, com os devidos ajustes a qualquer ideologia similar.
Meu caro amigo Camilo Gomes Jr. é alguém que trata muito melhor que eu das implicações políticas e jurídicas da ideia da tabula rasa ser falsa, e também as implicações políticas e jurídicas de nós termos uma origem evolutiva. Ele mantém este blog: http://avozdaespecie.wordpress.com/
Um abraço. Pergunte-me qualquer coisa.