Agradecimentos à Sociedade Brasileira de Genética
Meus mais veementes agradecimentos à Sociedade Brasileira de Genética por se posicionar ao lado do pensamento crítico e científico, e ao lado da igualdade, coisa na qual a comunidade científica pode ser um exemplo por sua crescente receptividade a pesquisadores de todos os fenótipos e bases culturais.
Já passou o tempo do medo da eugenia e do determinismo genético, em que interesses escusos de preconceituosos e anti-humanistas poderiam sequestrar a voz da ciência e usar seu nome por causas que eram, em seu cerne, não apenas eticamente equivocadas, mas factualmente enganosas.
Estamos num tempo em que cientistas podem unir-se a filósofos, juristas, líderes de crenças e todos os que trabalham intelectualmente com rigor para a defesa da humanidade - toda ela, e não apenas parcelas, não apenas quem se encaixar nas médias estatísticas das curvas gaussianas.
Nossos olhos, parafraseando Carl Sagan, estão voltados para as estrelas e o futuro, onde gerações que não mais lembrarão nossos nomes olharão de volta para um Pálido Ponto Azul, seu berço planetário, certamente gratos por todos aqueles que se levantaram contra as ideias segregacionistas que, muitas vezes vilipendiando o nome da família, falando em nome da família, tentaram separar a família humana.
Esta família começou há mais de 200 mil anos, na África, o que faz de todos nós afrodescendentes. Se podemos todos sentir saudades quando olhamos para a magnífica África, devemos em grande parte este conhecimento à genética.
Nesta era genômica nós geneticistas entramos no mundo das macromoléculas guardiãs dos segredos da vida com o mesmo deslumbramento de Alfred Russel Wallace na Amazônia e Charles Darwin na Mata Atlântica. Wallace se preocupava com justiça social. Darwin se preocupava com a abolição da escravidão. A SBG mostra que ressoa o legado desses e outros grandes das ciências biológicas tanto ao defender a curiosidade pela diversidade humana e suas bases genéticas e ambientais quanto por ecoar seu grito de esperança por justiça.
Hoje me sinto grato, orgulhoso e esperançoso por ser biólogo, geneticista e brasileiro.
Agradeço a esses geneticistas de talento pelas rápidas assinaturas na carta que virou manifesto oficial da SBG:
Francisco Mauro Salzano – UFRGS;
Rosana Tidon – UnB;
Lavinia Schüler Faccini – UFRGS;
Nilda Diniz – UnB;
Ana Letícia Kolicheski – University of Missouri;
Renato Zamora Flores – UFRGS;
Nelson Fagundes – UFRGS;
Maria Cátira Bortolini – UFRGS;
Claiton Henrique Dotto Bau – UFRGS;
Vanessa Rodrigues Paixão Côrtes – UFRGS;
Silviene Oliveira – UnB;
Vanina D. Heuser – Turku University;
Ligia Tchaicka - Universidade Estadual do Maranhão;
Andrea Marrero – UFSC;
Eliana Dessen – IB-USP;
Melissa Camassola – Universidade Luterana do Brasil;
Kátia Kvitko – UFRGS;
Charbel Niño El-Hani – UFBA;
Elise Giacomoni – UFRGS;
Carlos Menck – USP
Veja: Manifesto da Sociedade Brasileira de Genética sobre bases genéticas da orientação sexual