Militantes pró-Palestina perseguem homem gay até depois da morte
Adam Burgoyne foi uma pessoa cheia de virtudes, mas isso jamais será reconhecido pelos inconfessos apoiadores de terroristas
Um canadense chamado Adam Burgoyne, 39 anos, postou há dez dias a seguinte mensagem no X: “Passei um susto de saúde noite passada, mas felizmente não foi um ataque cardíaco. Mas não tenho certeza do que foi, porque assim que verificaram que eu não estava morrendo, me jogaram na sala de espera e, seis horas depois, eu disse ‘f*da-se’ e fui para casa.”
Ele teve “dor do lado esquerdo do peito, náusea, suor”.
Burgoyne acrescentou uma crítica ao sistema público de saúde do Canadá, em que esperas como a dele são comuns, e disse que teria que terminar de depilar o peito em torno dos locais onde a equipe médica colocou sensores para o eletrocardiograma. Também conversou de forma bem humorada com comentaristas do X.
No dia seguinte, Adam estava morto. A causa, que o levou a buscar o hospital, foi um aneurisma (enfraquecimento e dilatação de um vaso sanguíneo). Pela descrição dos sintomas, possivelmente um aneurisma da aorta.
Junto com o assassinato de um CEO de plano de saúde em Nova York semanas antes, o caso do canadense, coberto em mais de dez veículos, reacendeu discussões sobre quem é o melhor provedor de saúde: o Estado ou o mercado, e qual configuração de interação entre eles é mais eficiente. Adam favorecia o mercado e o modelo americano.
Cancelamento post mortem
Mas o assunto não morreu aí. Adam Burgoyne comentava vários assuntos, inclusive a guerra de Israel contra o terrorismo do Hamas e Hezbollah. Ele estava do lado de Israel. Em maio, ridicularizou quem tenta usar o identitarismo a favor do outro lado: “Israel = judeu = branco = colonizadores maus e opressores. Palestina = muçulmano = pessoa não-branca = pobres vítimas oprimidas. Essa é a única lente que muitas pessoas têm.”
O canadense era gay. Eu, que também sou, não vejo como a teocracia islâmica, que certamente será o sistema de governo que emergirá se for feita uma solução de dois Estados, poderia ser mais atraente que Israel. “Gays pela Palestina” realmente soa como “Vacas pela JBS”.
Já ouço os gritos sobre “genocídio” e “crianças mortas”, e não disputo que Israel, como Estado, faz coisas monstruosas — minha convicção fundamental sobre qualquer Estado é que é um “bandido estacionário” e essencialmente maligno, só que um mal necessário para evitar barbaridades maiores. Mas o fato é que nunca ouvi um bom contra-argumento a respeito do próprio Hamas reconhecer que usa civis como escudos humanos. E é isso.
A comemoração da morte de Adam pelos apoiadores inconfessos do Hamas começou horas depois de sua morte. “Descanse no mijo, viadinho” disse um fake com zero seguidor, fazendo um trocadilho entre peace (paz) e piss (urina). “Merecido, espero que tenha doído muito. Ele era uma escória de nazista moderno”, postou outra conta. “Estamos todos celebrando”, disse uma terceira cuja descrição diz apenas “FREE PALESTINE”.
Contas falsas dizendo besteira são rotina e indignas de menção, se não fosse pelo resultado acumulado. A família publicou um obituário no site Dignity Memorial. Os fãs de terrorista postaram tantos comentários odiosos por lá que o obituário foi removido (o link não indica remoção, só leva à página inicial, mas o arquivo denuncia a remoção).
“Nosso belo filho, irmão e tio Adam de repente deixou este mundo. Sua família e muitos amigos sentirão falta de seu humor sarcástico, sua sagacidade rápida, convicções fortes, inteligência. (...) Desde criança, Adam se aprofundou em seus interesses, aprendeu sozinho a tocar piano, compor música clássica, programar computadores, cozinhar refeições dignas de chef para seus entes queridos e aprender francês de uma forma tão fluente que era confundido com um nativo de Quebec.” O arquivo não preserva o obituário completo, mas o jornal Times of India o reproduziu na íntegra antes da remoção.
A matemática Holly “Math Nerd” escreveu um obituário para seu amigo Adam. “Ele era um homem gay cujo entendimento de sua sexualidade tinha amadurecido. Deixou para trás a promiscuidade da juventude, apaixonou-se profundamente [por seu noivo A. J.] e mal podia esperar para construir uma família estável com seu parceiro. Acima de tudo, foi um amigo maravilhoso.”
Quem está cego defendendo o atraso do século VII acima das democracias liberais, que mesmo com suas muitas falhas são infinitamente superiores, jamais reconhecerá as virtudes relatadas pelos amigos e família de Adam Burgoyne. Resta saber que virtudes eles veem nos barbudos do Hamas.
O apoio das entidades LGBTQIA+ ao Hamas e a outras organizações terroristas o maior contrasenso deste tipo de movimento, uma hipocrisia identitária. Caso estivessem nesses países seriam as promeiras vítimas dos movimentos que defendem.
Que texto emocionante. Como médica, vejo apenas o lado infeliz de um sistema de saúde que só vê estatísticas